Recebi pelo twitter essa reportagem do site da Revista Viagem e Turismo que reproduzo na íntegra aqui no blog. O texto é do escritor Mário Prata, morador daqui da Ilha, senão me engano ele vive em Santo Antônio de Lisboa. Tenho minhas discordâncias, e comento isso logo abaixo do texto.
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A Ponte Hercílio Luz, que liga os dois lados da cidade. Foto: Ricardo Ribas. |
Floripa não, Florianópolis
Por Mário Prata¹
“O que um turista deve saber sobre Floripa”, pergunta-me o autor desta reportagem. Floripa, ele diz. Ele não deve ser daqui. Quem inventou esse diminutivo (que os turistas podem achar carinhoso) não foi nenhum manezinho da ilha. Dizem que é coisa de turista. Portanto, a primeira recomendação: vindo para cá, chame a cidade de Florianópolis mesmo. Os daqui agradecem.
A segunda: se você vir algum carro barbarizando ou buzinando no trânsito, pode ter certeza de que não se trata de ninguém da ilha. Se a placa começar com “I”, é gaúcho; se começar com “A”, é paranaense. Mas pode ser também de São José, cidade vizinha cujos motoristas, sabe-se lá por quê, dirigem muito esquisito. Na eleição para prefeito, um dos candidatos era de São José. O adversário mandou fazer alguns outdoors: “Você vai deixar que alguém de São José dirija a sua cidade?”
Terceira: não tome o argentino pela versão grosso-feio-duro que vem no verão e habita a
Praia de Canasvieiras. Se você conhece a Argentina, sabe que eles são o oposto dessa.
Quarta recomendação: ao marcar voos para vir ou voltar, confira a tabela do Campeonato Brasileiro (e a do Catarinense – você consegue na internet). Não chegue nem saia da ilha no horário de jogos do Avaí. Tem apenas um caminho entre toda a ilha e o Estádio da Ressacada e o aeroporto Hercílio Luz. O engarrafamento pode durar algumas horas.
Quinta: ao ir à
Praia Mole (é a maior fria para voltar depois), não pense que todo mundo da ilha é daquele jeito, não. Vai lá que você vai entender o que eu estou dizendo.
Sexta: nunca peça sequência de camarão. É a coisa mais cafona que existe. Só desavisados entram nessa. Os nativos ficam a observar e a rir.
Mas tenha certeza de uma coisa: não existe lugar mais lindo e mais saudável para viver ou passear que Florianópolis. O povo é bonito, educado, calmo e hospitaleiro. Até que você jogue uma latinha de cerveja pela janela do carro! Ou mesmo um cigarro na rua! Se você vir alguém fazendo isso, é turista! Aquele mesmo que acha legal dizer que está em Floripa.
Como se Florianópolis fosse a casa dele.
¹ Mário Prata: O escritor e dramaturgo mineiro Mario Prata, de 64 anos, vive em Florianópolis desde 2001. Seu último livro é o policial Os Viúvos, cujo enredo se passa na capital catarinense
Publicado em 11/2010 no site da Revista Viagem e Turismo: que ler essa e as outras reportagens sobre Florianópolis publicadas no site, clique aqui. _______________________________________
Comentários sobre o texto do Mário Prata:
Bem, Mário Prata que me desculpe pois tenho aqui minhas discordâncias... mesmo vivendo bem menos tempo que ele aqui na Ilha.
Sobre a primeira recomendação dele: Particularmente, já vi muitos manezinhos chamarem Florianópolis de Floripa. É sim uma forma carinhosa e informal de chamar a cidade, só isso. Se foi invenção de turista eu não sei, mas não acho que isso seja depreciativo. Se você estiver visitando nossa cidade e falar "Floripa", não se preocupe que ninguém vai olhar estranhamente para você. Nos próprios jornais da televisão, por exemplo, muitos jornalistas falam "Floripa".
Sobre a segunda recomendação: Não acho justo falar que quem dirige mal é de "fora" (de outras cidades), pois muitas placas de Florianópolis também deixam a desejar. Esse negócio de taxar os outros de acordo com suas cidades é muito preconceituoso!
Sobre a terceira recomendação: Concordo com Mário Prata, os argentinos são legais! Generalizar as pessoas de todo um país por causa de ações individuais é que não é legal.
Sobre a quarta recomendação: Sim, realmente o caminho para o aeroporto pode ser um problema em dia de jogos na Ressacada.
Sobre a quinta recomendação: Aqui acho que Mário Prata deve ter feito uma brincadeira pelo fato da Praia Mole reunir uma galera GLS em uma de suas pontas. Brincadeira sem graça.
Sobre a sexta recomendação: Falar que os nativos ficam rindo do pessoal comendo sequência é muito pra minha cabeça! Nada a ver, ok? Se você vem visitar Floripa, pode pedir sua sequência de camarão sim! Não tem nada de cafona! Vai lá na Lagoa da Conceição ou na Barra da Lagoa e coma seus camarãozinhos! Aproveita e experimenta os pastéis de berbigão, são uma delícia!
E finalmente, Mário Prata parece culpabilizar os turistas pela sujeira das praias e cidade. Calma lá, esse discurso parece querer afastar turistas. Turistas são bem-vindos, pois ajudam na economia local que gera empregos diretos e indiretos. Mas é claro que é sempre bom lembrar: não deixe seu lixo na praia, jogue seu lixo sempre na lixeira. Mas isso é um dever de todos, seja turista ou morador. Isso é cidadania.